Uso comercial de bambus nativos do Brasil

Dando continuidade às boas vindas, segue mais um ótimo texto de Hans J. Kleine.

Segundo um levantamento recente temos no Brasil 256 espécies nativas de bambu, distribuídas nas cinco regiões do país. Elas se dividem em 92 espécies herbáceas, de pequeno porte, que podem ser usadas como plantas decorativas em jardinagem ou paisagismo, e 164 espécies lenhosas, de porte médio ou grande, que permitem usos variados, desde artesanato de cestaria, instrumentos musicais e utensílios domésticos, até usos como substituto da madeira, em construções, na geração de energia, em meios de transporte, entre muitos outros usos.

  • Por que motivo, então, nós não usamos e até desconhecemos a maior parte destas espécies nativas?
  • E por que apenas usamos os bambus exóticos, geralmente originários da Ásia?
  • Será que as espécies asiáticas têm melhor qualidade? Ou será que apenas temos preconceito contra as espécies nativas?

Não se trata de nada disso.

O motivo é simplesmente que ainda não sabemos como plantar as espécies nativas em nossas fazendas e sítios, por falta de domesticação. Isso quer dizer, que as nativas se desenvolvem apenas no interior das matas e se elas forem transplantadas para algum lugar fora de seu habitat natural, elas morrem. Ainda não temos tecnologia agrícola adequada para resolver isso. O mesmo não acontece com as espécies asiáticas, que são domesticadas e podem ser plantadas em larga escala em diversas regiões do planeta. Então, não temos hoje a opção de usar as espécies nativas, a não ser em pequena escala, como fazem os nossos índios, que as usam para cestaria, utensílios domésticos, cercas, casas, instrumentos musicais e armas de combate. As varas precisam ser extraídas uma a uma de moitas espalhadas no interior das matas nativas, em um processo dificultado pela falta de estradas de acesso e pelo excessivo uso de mão de obra, resultando em um custo unitário que torna inviável o seu uso em escala maior.

Que bom seria, se já pudéssemos reverter esta situação e plantar qualquer espécie nativa em grande escala e em qualquer lugar fora das matas! Com certeza seria a melhor maneira de evitar a sua extinção no longo prazo. E mais, seria uma forma de valorizar estas espécies, além de aumentar em muito o nosso leque de opções, na hora de escolher as espécies que queremos plantar e colher. Hoje elas não geram renda para o produtor e, portanto estão ainda excluídas da cadeia produtiva.

Existem, felizmente, algumas poucas espécies que constituem exceções e já podem ser consideradas domesticadas, como é o caso de várias espécies de grande porte do gênero Guadua, mas que ainda são relativamente pouco usadas até agora. As espécies mais usadas no Brasil são as dos gêneros Bambusa, Dendrocalamus e Phyllostachys, todos de origem asiática. O gênero Phyllostachys se diferencia dos demais por ter rizomas do tipo alastrante, cujo cultivo exige a instalação de barreiras de contenção.

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