Índios de Imaruí/SC recebem treinamento em cultivo e manejo de bambu

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Amigos da BambuSC,

Foi concluída no dia 17/julho a segunda etapa do curso de cultivo e manejo de bambu, na aldeia indígena Tekoa Marangatu, situada em Imaruí/SC. O instrutor da BambuSC Thiago Greco, que é engenheiro florestal especializado em bambu, contou novamente com o apoio do bambuzeiro Hans Kleine, da agrônoma Flávia Lapa (Uneagro) e da assistente social Noeli Pazetto  (Epagri).

Em outubro de 2013 a mesma equipe havia conseguido transmitir aos moradores da aldeia noções sobre algumas técnicas mais simples de fazer mudas e de como plantar e cuidar das mesmas nos primeiros anos. Na ocasião foram plantadas mudas de diversas espécies dos gêneros Merostachys, Bambusa e Dendrocalamus, com o objetivo de garantir o futuro abastecimento de matéria-prima de bambu, usado principalmente na confecção de cestos e balaios. Agora, nesta segunda etapa foi possível constatar, que após nove meses algumas das mudas plantadas infelizmente não sobreviveram, especialmente as das espécies nativas, que naturalmente são as preferidas pelos índios. O resultado no entanto já era esperado, confirmando a experiência de muitos outros bambuzeiros, que tentaram, sem sucesso, cultivar mudas de Merostachys fora de seu ambiente natural, que é a Mata

A falta de bambu para uso na aldeia significa para os índios muito mais do que apenas a impossibilidade de produzir objetos do uso diário ou de assegurar uma fonte de renda com o artesanato. O bambu nativo, que eles chamam de taquara, tem acima de tudo um imenso valor espiritual, como uma dádiva divina, o que porém não se aplica às espécies exóticas, consideradas apenas úteis, mas não divinas. Acontece, que a espécie mais usada por eles floresceu recentemente, causando a morte gregária de todas as suas moitas na mata virgem, obrigando os índios a usar temporariamente bambu de uma espécie exótica, disponível em suas terras (Bambusa tuldoides). Por desconhecimento, usaram esta segunda reserva de maneira excessiva, acabando com todo o estoque disponível e agora se encontram em situação crítica de absoluta falta de matéria-prima. A esperança que resta, é conseguir algum bambu exótico em outras terras da região, desde que possam recebê-lo de graça, pois não dispõem de recursos para isso.

A boa notícia é que, antes de morrer, a espécie preferida por eles produziu muitas sementes, que germinaram na mata e já estão começando a formar uma nova geração de moitas, que vão se tornar adultas dentro de mais uns três ou quatro anos. É o mesmo tempo que também as espécies exóticas, plantadas no ano passado, vão levar para crescer e amadurecer. Os índios aprenderam, que só então poderão voltar a usar as suas próprias reservas novamente, com toda a segurança de abastecimento. Pelo menos,  pelas próximas três décadas, quando deverá iniciar um novo ciclo de florescimento.

Abraços.
Hans