Lei de Incentivo ao Bambu

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A Lei 12484/2011, que cria a política nacional de incentivo à cultura do bambu, finalmente sancionada em Setembro deste ano pela presidente Dilma, tem apenas seis artigos e cada bambuzeiro deveria tomar conhecimento do que diz a lei, antes de comemorar bastante.

Vejam abaixo as respostas que estou dando às perguntas feitas pela jornalista Natália Senóbio da Rede TV! de São Paulo:

1) Porque o Brasil precisa de uma lei que incentive o plantio de Bambu e não de outros tipos de plantas?

Para acabar com os preconceitos contra o bambu, que existem há exatos 511 anos em nossa cultura! O preconceito mais antigo é o dos portugueses que aqui chegaram e decretaram que bambu é coisa de índio. Eles rejeitaram o seu uso porque não o conheciam em sua terra natal e também porque não tinham necessidade de usá-lo, com tanta disponibilidade e variedade de madeiras nobres por aqui. O segundo preconceito é bem recente e deve-se ao fato de que grande parte dos bambus cultivados no Brasil são de origem estrangeira (asiática), sendo alguns do tipo alastrante, que exigem cuidados especiais para não se tornarem invasivos. Este preconceito é mais forte entre ambientalistas e funcionários dos órgãos de controle ambiental. Porém, os alastrantes podem ser manejados e controlados com técnicas simples e o fato de algumas espécies serem estrangeiras não diminui a sua utilidade e nem a sua beleza. Afinal, quantos alimentos de origem estrangeira, por exemplo, são cultivados no Brasil? Qual é o mal que causam?

2) Quais as vantagens do plantio de Bambu?

Comparado ao cultivo de árvores, cujos troncos são individuais e engrossam ao longo dos anos, os bambus são gramíneas, formadas por um conjunto de colmos, que já nascem no diâmetro definitivo e com brotação anual de novos colmos. Isso lhes confere um caráter de plantas permanentes, que permitem o corte dos colmos maduros a cada ano, sem comprometer a sobrevivência do bambuzal. Existem espécies adaptadas ao clima de todas as regiões do país, sendo elas pouco exigentes quanto à fertilidade do solo. Uma vantagem adicional é a melhoria de solos degradados, devido à abundante deposição anual de folhas. A produtividade de biomassa por hectare/ano de algumas espécies é comparável à do eucalipto, mas com custo de produção menor e com uma maior fixação do homem no campo, em função das colheitas anuais.

3) Quais os benefícios dessa nova lei para a população?

Os agricultores terão acesso a mais uma fonte de renda, com possibilidade de obter financiamentos e assistência técnica fornecidos pelo governo, como qualquer outra cultura. Os mesmos benefícios também se aplicam a empresas industriais e prestadoras de serviços em qualquer ramo da cadeia produtiva do bambu e de seus derivados.

4) Quais os impactos dessa nova lei no plantio de Bambu? Será que aumentará mesmo a produção?

A expectativa é que haja uma certa demora na difusão e no aprendizado das técnicas de cultivo do bambu, uma vez que não se trata de um cultivo tradicional e nem mesmo as escolas de agronomia e de engenharia florestal estão preparadas ainda para a formação de técnicos. Mas, em alguns casos a ampliação da área plantada poderá ser imediata e a produção poderia começar a aumentar dentro de mais cinco anos. Este é o prazo mínimo para as primeiras colheitas, que depois seriam anuais.

5) Quais os estados e cidades no Brasil que mais platam Bambu?

Existem três grandes reservas de bambus nativos no Brasil, uma no Acre (a maior do mundo), uma na região do Pantanal (MS) e outra em São Paulo (Vale do Ribeira), sendo nenhuma explorada comercialmente até o momento. Os maiores plantios (até 50 mil hectares)são de espécies não nativas e se encontram na Região Nordeste. Eles pertencem ao Grupo João Santos e à empresa Penha, que operam uma fábrica de papel de bambu cada uma, situadas respectivamente em Pernambuco e na Bahia. Além destes, existem inúmeros plantios de pequena escala espalhados nas regiões Sudeste e Sul, para os mais variados usos artesanais ou semi-industriais, com predominância para móveis, construção e artesanato. O uso dos brotos na culinária ainda é bastante restrito às regiões de imigração japonesa, nos estados do Paraná e de São Paulo. Mas, existe um enorme potencial inexplorado na geração de energia de biomassa e de carvão de bambu, que poderia evitar o corte de lenha de mata nativa em todas as regiões do país.

Abraços.
Hans J. Kleine

Este post tem um comentário

  1. Hans-Jürgen Kleine

    Olá Paulo,
    O Brasil ainda tem poucos técnicos especializados em cultivo de bambu. A BambuSC lançou um livro sobre o assunto, cujo autor é o eng. florestal Thiago Greco. Veja mais detalhes neste mesmo site em “Publicações”. Infelizmente não sei indicar um centro de pesquisa que preste serviços de consultoria nesta área.

    Um abraço.
    Hans J. Kleine

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