Cartilhas & Adesivos

Cultivo

Como Coletar Amostras de Bambu

Dra. Ximena Londoño

Os bambus são plantas pouco ou mal amostradas, por exigir conhecimentos especializados e devido à sua floração irregular. Para que seja feita uma boa coleta de amostras, é necessário saber quais são as estruturas mais importantes em termos taxonômicos. O sistema métrico decimal é recomendado para todas as medições. A seguir, são listados os itens prioritários que devem ser levados em conta para que se obtenha uma boa amostragem: (Soderstrom Young, 1983; Londoño, 1987 (tradução):

1. O equipamento de campo deve incluir machado, serrote ou serra tico-tico, tesouras de poda, luvas grossas, fita métrica, caderneta de campo, câmera fotográfica e altímetro;

2. Equipamento fotográfico: caso haja equipamento fotográfico, deve-se fotografar especialmente o habitat e o hábito da planta, além de alguns detalhes extraordinários. Recomenda-se o uso de uma lente normal e de uma grande-angular;

3. As informações gerais a serem anotadas antes de se começar a coletar o material são as seguintes: localidade, incluindo a posição geográfica, as coordenadas de latitude e longitude, altitude em relação ao nível do mar, tipo de habitat, nomes comuns e usos regionais;

4. As partes a serem coletadas são: colmo, folhas caulinares, galhos, folhagem, inflorescência e, às vezes, rizoma. Dessas estruturas, deve-se coletar material herbáceo, para ser preservado em meio líquido e material lenhoso;

5. O material correspondente aos galhos da folhagem, às inflorescências e às folhas caulinares deve ser processado na prensa botânica, marcado adequadamente e secado ao sol ou em secadores elétricos ou a querosene; os segmentos dos colmos, os complementos dos galhos e os rizomas devem ser secados ao ar livre e marcados separadamente;

6. A etiqueta que acompanha o espécime herbáceo tem de ser concisa e conter a informação mais completa possível, sem incluir os atributos que podem ser vistos no próprio espécime; ela deve conter também a localidade, o nome do amostrador, o número da amostra, a data de amostragem, a altitude e a descrição concisa do habitat e da planta;

7. Deve-se coletar um segmento com no mínimo 2 nós do colmo – esse segmento pode ser cortado ou não longitudinalmente – e anotar o tamanho (altura e diâmetro), hábito, e densidade dos colmos por m2 (distribuição); no nó, deve-se observar se a linha nodal está isolada ou em sucessão contínua, o tipo de arquitetura e o revestimento; e, no entrenó, o tamanho, a cor, a superfície, a forma, o estado (sólido ou oco) e o conteúdo interno; esse material deve ser secado ao ar livre, preferencialmente;

8. Devem-se coletar no mínimo duas folhas caulinares por amostra para exibir ambas as superfícies do material herbáceo; além disso, deve-se anotar a sua duração sobre o colmo, a variação ao longo dele, a cor e o padrão quando jovem e quando adulta, a superfície e a textura; da lâmina do caule deve-se anotar a posição e a duração sobre a bainha. Recomenda-se que sejam coletadas as folhas caulinares do terço médio por serem as mais representativas em termos de tamanho e forma; se a bainha for resistente, corte-a na base, onde ela adere ao colmo. Ao prensar esse material, as folhas muito grandes podem sofrer dobras ou cortes;

9. Devem ser coletados um ou dois dos galhos representativos de um colmo maduro; deve-se cortar o segmento do colmo aproximadamente 5 cm acima e abaixo do nó e cortar os galhos até mais ou menos 5 cm, cuidando para incluir o primeiro nó do galho. Devem ser secados ao ar livre e todas as suas bainhas devem ser removidas. Dos galhos, deve-se anotar sua localização no colmo, seu hábito e comprimento, desenvolvimento intravaginal, infravaginal ou extravaginal; número de galhos e organização; origem em relação ao nó, posição em relação ao nó e alterações, caso existam, como a presença de espinhos;

10. Da folhagem, deve-se coletar os galhos com folhas em estado jovem e adulto e anotar a condição da folha depois de cortada, seu hábito e cor; uma vez cortadas, as folhas devem ser prensadas imediatamente para evitar que desidratem. Elas devem ser colocadas sobre papel de jornal,de tal modo que possam ser vistas ambas as superfícies da lâmina. Se o material desidratar, deve-se umedecê-lo colocando-o dentro de uma bolsa plástica fechada hermeticamente ou submergi-lo em um tanque com água. As lâminas foliares que forem muito grandes devem ser dobradas cuidadosamente em várias partes;

11. Da inflorescência devem ser coletados galhos com flores em todos os estágios de desenvolvimento e devem ser anotados o hábito (ereto, poroso, suspenso), a sua posição na touceira (galhos terminais ou axilares) e o tipo de floração (total ou parcial). Caso seja encontrado no campo um bambu florescido ao lado de outro não-florescido, cada planta deve ser coletada e classificada com números diferentes, anotando-se as referências necessárias;

12. Do rizoma deve ser coletada uma seção de aproximadamente 50 cm de comprimento, deixando-se um segmento de colmo de 15 cm. acima do solo. O rizoma deve ser secado ao ar livre, removendo-se todas as brácteas e a terra. Deve-se anotar o tamanho (comprimento e diâmetro), o hábito, a presença ou não de gemas, a presença e a localização das raízes e das radículas;

13. Para os estudos morfológicos e anatômicos devem ser preservadas várias partes da planta em uma solução de fixação denominada AFA (90 partes de álcool a 50%, 5 partes de ácido acético glacial e 5 partes de formalina ou formol diluído) e, depois de vários dias nessa solução, elas devem ser transferidas para o álcool etílico a 70%. A solução AFA sofre degradação e, portanto, não pode ser conservada por muito tempo depois de preparada;

14. As partes das plantas a serem preservadas na solução AFA são:
A) Folhagem: lâmina foliar e a parte que contém o pecíolo e a lígula; as folhas pequenas são conservadas inteiras; das folhas grandes, deve ser cortado um pedaço de 3 a 5 cm de largura na parte média da lâmina, que inclui a nervura central e a parte da borda
B) Gemas: devem ser coletadas em diferentes estágios de desenvolvimento, de preferência. Todos os tecidos que protegem a gema devem ser conservados
C) Frutos carnosos: devem ser conservados em frascos separados e divididos em pedaços se forem grandes demais
D) Radículas: devem ser cortadas seções de aproximadamente 2 cm de comprimento para a sua conservação
E) Plântulas: devem ser conservadas apenas as plântulas jovens, com a semente ainda presa à base
F) Porções do colmo: devem ser conservados caso exibam cor e desenho inconstantes, que se perdem durante a secagem

15. Para os estudos citológicos, as espiguetas jovens devem ser preservadas em uma solução de 3:1 durante 24 horas, transferindo-as em seguida ao álcool de 70% e guardando-as no refrigerador o mais rapidamente possível. A solução 3:1 é feita misturando-se três partes de álcool absoluto e uma parte de ácido acético. As espiguetas devem ser coletadas das inflorescências que ainda não estão protegidas pela bráctea ou apenas começando a aflorar.